A Tunísia é a bola vez

Enquanto Sudão e Costa do Marfim continuam com problemas a mídia só tem olhos para os tunisianos

O continente africano há tempos está conturbado por problemas políticos, sociais e econômicos nos quais podemos dizer guerras cívis, corrupção e fome à praticamente toda a sociedade.

A mídia, recentemente, focou os olhares para países como Sudão e Costa do Marfim por estarem em momentos em que a democracia pode surgir (no caso sudanês) e poderia (no caso dos marfineses) para trazer um pouco de esperança para o futuro.

O Sudão viveu uma eleição para decidir se sobre a separação da nação situação assim na África podem gerar mais guerras do que as já existentes. O resultado do pleito ainda não saiu, mas uma reportagem da Al Jazeera informa que provavelmente o Sul (negro e cristão) vencerá e criará um novo país, distinto do Norte (árabe e muçulmano).

No caso da Costa do Marfim eleições foram realizadas e o candidato da oposição, Alassane Ouattara, foi considerado vitorioso. Porém, após uma decisão do corte nacional os votos foram recontados e o presidente Laurent Gbagbo reeleito. Após a revogação do resultado manifestantes foram às ruas e pessoas perderam suas vidas.

O presidente reeleito se diz no poder assim como a oposição, que montou sua sede em um hotel da capital Abidjan sob a forte segurança das tropas da O.N.U. Dessa forma a nação ficou com 02 presidentes, situação que permanece até o momento.

Em ambos os casos pessoas morreram e ainda morrem, porém a situação ainda não foi resolvida e ninguém sabe ao certo o que será do futuro. Pode ser que a democracia prevaleça como poder ser que não e, nesse caso, mais violência em um continente tão devastado.

Ainda assim a mídia brasileira parece ter olhos somente para outro país africano, a Tunisia, que através de protestos da população conseguiu derrubar o ditador Zine Al-Abidine Ben Ali, no poder há cerca de 23 anos com mãos de ferro.

Na Tunísia pessoas também morreram e o que desencandeou os protestos foi um jovem que ateou fogo no próprio fogo em reação a falta de emprego e, também a situação econômica e social do país. Mas porque a mídia deixou de falar dos outros 02 casos?

De população majoritariamente árabe o país nunca incomoudou os interesses estadunidenses por conta do extremismo religioso e, ainda por cima, sempre foi considerado um roteiro turístico para sem que os visitantes se sentissem incomodados ou receosos durante sua estadia.

Aliás, poucos sabiam que a Tunísia é um país africano até o momento em que Ben Ali fugiu para não ser capturado e deposto. Tampouco sabiam que seu governante era um ditador com mãos-de-ferro sob o povo.

A mídia prestou um serviço ao noticiar o fato, mas foi negligente ao esquecer o Sudão e a Costa do Marfim. Tudo isso sob os olhos da sociedade e claramente por ser à favor da política estadunidense.

Negros, pobres e árabes quando em situações desumanas não são notícias. Aliás, até são. Mas quando os interesses dos Estados Unidos estão em jogo no cenário mundial.

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