Vandalismo mata mais um torcedor

Confrontos entre torcedores rivais continuam sem que uma solução seja colocada em prática

Por Thiago Marcondes

Falar de futebol e violência separadamente, quando se trata de clássicos, parece ter se tornado uma redundância já que quase em todos os jogos confrontos entre torcedores rivais, e até mesmo da mesma torcida, são frequentes.

Na última semana ocorreram 02 casos e 02 mortes que envolveram times alvi-negros e alvi-verdes. Em Campinas torcedores de Ponte Preta e Guarani se enfrentaram após o jogo dos times sub-17 e um torcedor bugrino perdeu a vida. Em São Paulo foi o palmeirense André Alves que morreu, após levar um tiro em uma briga marcada pela internet entre corinthianos e palmeirenses.

A Federação Paulista de Futebol proibiu a entrada das torcidas organizadas da Mancha Verde e Gaviões da Fiel nos estádios, mas a medida não resolverá o problema dos confrontos. Nas imediações do local do jogo o efeito pode ser positivo, mas longe torna-se praticamente nulo.

As brigas são marcadas pela internet e isso o governo tem como rastrear, mas impedir o confronto, com a atual estrutura policial, torna-se quase impossível. No confronto de ontem, 25/03/2012, eram praticamente 1000 torcedores contra poucos, para não dizer raros, policiais. Isso é um grande problema, pois a batalha ocorreu longe do estádio e aproximadamente 06 horas antes do jogo.

Outro grande problema, esse mais difícil de ser resolvido, é que os integrantes as torcidas organizadas sentem-se invencíveis quando estão em bandos e eles creem que os torcedores rivais são inimigos, não pessoas que apenas gostam e torcem por um time diferente.

As torcidas organizadas, para muitas pessoas, serve como inserção social em suas vidas. Ou seja, um grupo social onde podem interagir, compartilhar idéias e mostrarem suas forças como organização. Como disse um amigo, Leandro Brainstorm, em uma discussão no facebook: "podemos dizer que isso é uma das válvulas de escape de uma sociedade desorientada ? Mesmo tendo o exemplos como os "hooligans" que viviam ou vivem num país um pouco mais estabilizado e mesmo assim arranjavam suas confusões. Mas por outro lado temos o exemplo do EGITO que em tempos de guerra civil, deixou 74 mortos numa partida de futebol...........acho que a impunidade é somente a ponta do iceberg".

Recentemente os confrontos no Egito foram incentivados pelos militares como forma de desestabilizar a sociedade, mais do que já está, para se manterem no poder. O tiro saiu pela culatra e ocorreram muitas mortes. O viés político apareceu, mas de forma errada. Pois ao invés de realizarem uma grande manifestão preferiram partir para a violência.

Lá como cá não há punição, pois os culpados não são identificados e, consequentemente, não são presos. As brigas serão marcadas e nos próximos jogos entre os times poderá haver vigança. A situação vai funcionar como círculo vicioso. Enquanto não houve uma política pública eficiente e que puna com rigor não haverá paz. Mas antes de tudo isso vem a educação e a cidadania de cada um, pois nos dias atuais tirar a vida do próximo apenas porque que ele gosta de outro time de futebol não tem cabimento.

O futebol, que devia unir, tem pessoas de caráter duvidoso (ou sem nenhum), que promovem a violência e a raiva entre integrantes de torcidas. Sócrates, o jogador, dizia que quando as organizadas perceberem que se fossem unidas o poder que têm para mudar a sociedade seria enorme. O problema agora é colocar isso na cabeça deles.

Thiago Marcondes é Jornalista

Comentários

Muito bom Thiago, mas como se diz nas "rodas de bar": - A merda está feita!!!.
Pois o torcedor palmeirense que foi morto é irmão de um dos presidentes da torcida Mancha Alvi Verde, diga-se de passagem tal confronto foi vingança da torcida corinthiana, pois meses atras um corinthiano foi jogo no rio tietê, após briga com palmeirenses, juntando vingança + irmão morto, você acha que os palmeirenses deixarão de lado? Isso é um circulo, sempre um vingando a morte do outro e nada nem ninguém conseguira de maneira fácil convencer esse marginais de pararem com a matança.

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