A guerra, apesar de causar desgraça, gera lucros enormes

Vendas aumentam e segmento de equipamentos militares cresce em tempos ruins

Por Thiago Marcondes

O século XXI foi marcado por crises financeiras em 2008 e a que vivemos atualmente causou, e ainda causa, perda de empregos, déficit na economia, problemas políticos com a oposição (não importa a nação) que apresenta problemas na forma de gerir o país e os governantes tentam dar um jeito para resolver a situação.

A mídia, em muitos casos, não atua de forma imparcial (mas ao menos deveria tentar) e apenas relata problemas de um lado enquanto o outro passa ileso. Em partes isso condiciona as pessoas e o caos pode se instaurar, mas esse assunto vai ser tratado em outro post.

Em épocas de crise nem todos os setores são afetados e no Brasil os segmentos de tecnologia da informação e na área de fornecimento de equipamentos militares permanecem à todo vapor. Pode ser difícil de acreditar, mas o Brasil tem grandes encomendas para veículos de guerra e mísseis, pois somos referência no mundo.

A AVIBRAS (Avibras Industrial Aeroespacial S/A) é a empresa mais importante no país que atua na área de equipamentos militar e atualmente exporta para o mundo 80% da sua produção. O contexto geopolítico mundial favorece os negócios, pois guerras existem e desde 1900 o mundo não ficou um dia sequer sem algum conflito existente. Ou seja, o planeta tem confrontos declarados há pelo menos 116 anos ininterruptos.
Imagem meramente ilustrativa e não condiz com os veículos produzido pela AVIBRAS

Os países emergentes fazem parte da maior fatia de mercado da empresa, pois muitos deles não sofreram os impactos da crise econômica como a Europa e até mesmo o Brasil. As tensões mundiais e a forma como os E.U.A. conduzem sua política externa fazem esses governos aumentarem os gastos militares para reforçarem as defesas. Não vão fazer frente ao poderio estadunidense, mas até o mundo mineral sabe que se eles não criam guerra ao menos conseguem que alguém próximo cause o conflito.

A estratégia da empresa é, basicamente, identificar os problemas de diferentes nações e oferecer algo para atender essas necessidades, pois assim conseguem competir com concorrentes nacionais e estrangeiros. O sistema ASTROS II, principal produto da AVIBRAS, compõem foguetes e mísseis de artilharia, além de veículos para transporte. Desenvolvido na década de 80 especificamente para o Iraque, atualmente detém 25% do mercado mundial e sempre tem inovações tecnológicas para atender todos os tipos de clientes.

O veículo de menor preço está em torno de 1 milhão de dólares e o mais caro por volta de 7 milhões. Por conta da grande demanda a empresa, mesmo com a crise, aumentou o quadro para cerca de 2.000 funcionários. Isso mostra que nações mundiais, com problemas de emprego, fome, educação investem pesado em equipamentos bélicos.

As vendas da empresa com certeza são controladas por acordos internacionais que não permitem vender para países como Coréia do Norte, Síria, Somália (com governos instáveis desde o início da década de 90), mas de qualquer forma alimenta (ou alimentará) conflitos ao redor do mundo.

Nos Estados Unidos a indústria bélica é extremamente forte na economia, pois o país sempre está envolvido em algum confronto de forma permanente, como fez no Iraque e Afeganistão, ou envia tropas para dar suporte e realizar treinamentos, além de ter inúmeras bases militares espalhadas pelo mundo. Por mais que existam conflitos no mundo não creio existir tanta demanda para equipamentos bélicos como armas, balas, sistemas de defesas, veículos com mísseis etc e a preocupação está justamente com o excedente da produção.

O filme "Senhor das Armas" relata muito bem o que ocorre quando há excesso de armas e equipamentos bélicos no mercado. Quando não se vende para as nações amigas (entende-se por aliados, mas nem sempre agem corretamente) arrumam alguma forma de repassar no mercado clandestino e, assim, grupos como Al-Qaeda, Estado Islâmico, grupos para-militares e milícias (na América do Sul tem muito disso) se armam e cometem atrocidades em nome do poder.

Existe, sim, o contra-ponto, que em ditaduras os grupos de resistência precisam se armar e quando as grandes potências apoiam esses governos as armas chegam de forma clandestina. O inverso também acontece e tudo isso ocorre acordo com os interesses de quem manda, pois sempre querem subtrair as riquezas naturais e obter mão de obra barata para lucrarem cada vez mais.

Para a economia brasileira com certeza as vendas da AVIBRAS foi um fator importante na balança comercial, mas os órgãos competentes devem fiscalizar para que os equipamentos não apareça em mãos erradas.

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